Jahorina... 2008
Nem queria acreditar quando carreguei no "OK" para comprar o bilhete para Belgrado... ia, um ano depois, voltar a Jahorina, na Bósnia, perto de Sarajevo, uma das estações de ski onde decorreram os jogos olímpicos de Inverno de 1984, o grande orgulho Bósnio.
Acontece que o material, estrutura, elevadores, mentalidade, ainda são da mesma altura. O que não é para ser mal interpretado. É uma estação em que as pistas só existem no mapa. Quando chegas lá acima não existe um único sinal, marcação, postes, barreiras, informação é zero! Perguntas ao gajo que por lá anda (para ajudar a arrastar algum desgraçado que caia ao chão ao sair das cadeiras, já que aqui estas estão continuamente a funcionar - se alguém cair, não se páram! Azar, desvia-te do caminho que já aí vem outra cadeira atrás... e cuidado com a cabeça) onde é que está a pista "vermelha" e ele aponta-te vagamente para o vale e diz, o caminho é por aí, sempre a descer.
Este sítio é lindo! Regras são poucas. Pistas são inexistentes. Pela noite as poucas máquinas que alisam a neve fazem o que podem para manter um nível razoável de neve compactada, e as "pistas" esquiáveis no dia seguinte. Não existem canhões de neve. Só mesmo o que cair do céu (dá azo a crises de nervos, porque até 4 dias antes de partir para Belgrado o aquecimento global andava a fazer das suas e Jahorina estava mais castanha que branca). Mas o genial é mesmo não haverem pistas delimitadas. Podemos ir para qualquer lado, pelo meio dos inúmeros bosques, a esquivarmo-nos aos pinheiros, a sentir neve em pó, a cair e ficar enterrado até aos joelhos, sem me conseguir levantar, a sentir que sou o primeiro gajo a passar por aquele sítio já que a marca que a minha prancha deixa é a única que por ali anda, a explorar todas as irregularidades da paisagem para saltos, para curvas, para subir os níveis de adrenalina. Onde em qualquer estação nos Pirinéus ou Alpes se poriam umas estacas a avisar para o perigo de uma lomba, ou uma depressão estranha no terreno, e proibindo-se a passagem por ali, em Jahorina é mais um salto, mais uma coisa para experimentar, junta-se gente à volta para ver que salto irá fazer o próximo. Quantas vezes disse e ouvi dizer ao chegar aos elevadores, depois de ter descido, "eia, com um caralho! tens que ver aquele salto que descobri!!!!", ou então "fiz uma secção linda pelo meio de umas árvores!!". E tudo, simplesmente, porque por aqui, podemos. Como não há pistas delimitadas, também não hão limites!
Como é óbvio, também há os pontos negativos, não há qualquer sinalização acerca de pedras ou zonas demasiado raspadas sem neve (fiz um sulco na prancha que foi até à madeira, quase com meio metro à conta de uma pedra enorme que não vi), ou de placas de gelo, ou nunca se fecham as cadeiras... isto permitiu-me ter subido umas quantas vezes durante uma "tempestade" de neve (ventos de 40-50 km/h, -15ºC e com um windchill de -25ºC) e descer em condições de visibilidade nula. A neve que me era atirada à cara, na horizontal, tal era o vento, não me deixava ver mais de 5-10 metros à minha frente. Foi surreal. E espectacular, porque por várias vezes consegui estar totalmente sozinho em neve acabadinha de cair (tal era a quantidade de neve que caia). Algo impossível em estações mais organizadas... ou melhor, impossível em qualquer outra estação, que nem precisaria de metade das condições climatéricas que estavam para fechar totalmente.
Depois há a gente dos balcãs. Sempre hospitaleiros, de bom humor, sempre preocupados com o bem estar "das visitas", completamente alucinados e sempre em festa. As piadas são iguais às que diria em português, o modo de beber, de festejar também é igual. Já disse por várias vezes que, relativamente às coisas mundanas da vida, estes sérvios, bósnios, croatas, são mais parecidos connosco que os espanhóis.
A ver se para o ano que vem volto... será a terceira vez, e valerá bem a pena!
Acontece que o material, estrutura, elevadores, mentalidade, ainda são da mesma altura. O que não é para ser mal interpretado. É uma estação em que as pistas só existem no mapa. Quando chegas lá acima não existe um único sinal, marcação, postes, barreiras, informação é zero! Perguntas ao gajo que por lá anda (para ajudar a arrastar algum desgraçado que caia ao chão ao sair das cadeiras, já que aqui estas estão continuamente a funcionar - se alguém cair, não se páram! Azar, desvia-te do caminho que já aí vem outra cadeira atrás... e cuidado com a cabeça) onde é que está a pista "vermelha" e ele aponta-te vagamente para o vale e diz, o caminho é por aí, sempre a descer.
Este sítio é lindo! Regras são poucas. Pistas são inexistentes. Pela noite as poucas máquinas que alisam a neve fazem o que podem para manter um nível razoável de neve compactada, e as "pistas" esquiáveis no dia seguinte. Não existem canhões de neve. Só mesmo o que cair do céu (dá azo a crises de nervos, porque até 4 dias antes de partir para Belgrado o aquecimento global andava a fazer das suas e Jahorina estava mais castanha que branca). Mas o genial é mesmo não haverem pistas delimitadas. Podemos ir para qualquer lado, pelo meio dos inúmeros bosques, a esquivarmo-nos aos pinheiros, a sentir neve em pó, a cair e ficar enterrado até aos joelhos, sem me conseguir levantar, a sentir que sou o primeiro gajo a passar por aquele sítio já que a marca que a minha prancha deixa é a única que por ali anda, a explorar todas as irregularidades da paisagem para saltos, para curvas, para subir os níveis de adrenalina. Onde em qualquer estação nos Pirinéus ou Alpes se poriam umas estacas a avisar para o perigo de uma lomba, ou uma depressão estranha no terreno, e proibindo-se a passagem por ali, em Jahorina é mais um salto, mais uma coisa para experimentar, junta-se gente à volta para ver que salto irá fazer o próximo. Quantas vezes disse e ouvi dizer ao chegar aos elevadores, depois de ter descido, "eia, com um caralho! tens que ver aquele salto que descobri!!!!", ou então "fiz uma secção linda pelo meio de umas árvores!!". E tudo, simplesmente, porque por aqui, podemos. Como não há pistas delimitadas, também não hão limites!
Como é óbvio, também há os pontos negativos, não há qualquer sinalização acerca de pedras ou zonas demasiado raspadas sem neve (fiz um sulco na prancha que foi até à madeira, quase com meio metro à conta de uma pedra enorme que não vi), ou de placas de gelo, ou nunca se fecham as cadeiras... isto permitiu-me ter subido umas quantas vezes durante uma "tempestade" de neve (ventos de 40-50 km/h, -15ºC e com um windchill de -25ºC) e descer em condições de visibilidade nula. A neve que me era atirada à cara, na horizontal, tal era o vento, não me deixava ver mais de 5-10 metros à minha frente. Foi surreal. E espectacular, porque por várias vezes consegui estar totalmente sozinho em neve acabadinha de cair (tal era a quantidade de neve que caia). Algo impossível em estações mais organizadas... ou melhor, impossível em qualquer outra estação, que nem precisaria de metade das condições climatéricas que estavam para fechar totalmente.
Depois há a gente dos balcãs. Sempre hospitaleiros, de bom humor, sempre preocupados com o bem estar "das visitas", completamente alucinados e sempre em festa. As piadas são iguais às que diria em português, o modo de beber, de festejar também é igual. Já disse por várias vezes que, relativamente às coisas mundanas da vida, estes sérvios, bósnios, croatas, são mais parecidos connosco que os espanhóis.
A ver se para o ano que vem volto... será a terceira vez, e valerá bem a pena!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home