Nem Aqui Nem Ali... a vida para além do sofá

Monday, December 26, 2005

Espírito Natalício

Qual é a prenda mais importante que te podem dar?
Tempo. Parece óbvio, mas porquê?

A prenda não tem necessariamente que ser “tempo”, isso é difícil de conseguir. Porque é que uma prenda feita por nós tem sempre mais valor do que uma comprada na loja, apesar de ser mais rústica, imperfeita, etc? Porque é que se dá tanto valor a algo que “foi feito por mim”? Precisamente porque foi feita por mim, porque dispus do meu tempo para a fazer, não foi perdido, mas foi gasto a fazer algo que não é para mim, algo para dar a outra pessoa. Durante esse tempo pensa-se nessa pessoa, por pouco tempo que fosse, por mais sistemática que possa ser a concepção desse presente, houve sempre qualquer altura em que se pensou na pessoa, esse tempo passou a ser dela, e é isso que simboliza o presente. O nosso tempo. É algo que não se faz para toda a gente, podem-se comprar alguns presentes e outros faze-los nós próprios, ou até podemos comprar todos os presentes, isso também é fácil, haja dinheiro! Mas agora, o realmente complicado é fazê-los a todos! Senão mesmo impossível. Porquê? Porque não temos tempo suficiente, daí ele ser tão importante. Uma prenda feita por nós, realmente leva um bocadinho de nós dentro dela.

Mais importante que dar presentes a toda a gente, é mostrar que pensamos nelas, dispormo-nos a gastar um pouco do nosso tempo com elas, mesmo que não seja a fazer uma prenda, que seja na sua companhia. Uma tarde bem passada já é uma boa prenda. Bem mais importante que andar a perdê-la, literalmente, pelos corredores de um centro comercial completamente apinhado na véspera de Natal. Se passássemos mais tempo uns com os outros, de certeza que nos sentiríamos bem melhor, mais felizes, e com menos necessidade de ir comprar os presentes todos de Natal à última da hora.

Quando houver tempo para se fazer alguma coisa, faz-se. Haja tempo!

Wednesday, December 07, 2005

Cappuccino

Já me pediram várias vezes por um cappuccino no bar. O facto de eu não saber fazer um de jeito é um problema. O facto de trabalhar num bar irlandês e de o dono se estar a cagar de alto para a diferença entre um café com leite e um cappuccino, também.

Pior, se for a qualquer sítio e pedir um cappuccino dão-me um café com leite com espuma por cima, posta à colherada... isto também acontece num típico café de frenchsing chamado... CAPPUCCINO!!!!

Decidi então fazer uma busca pelo google para aprender a fazer um como deve ser e fiquei surpreendido pela quantidade de tretas que estão pela net, a maioria fala em por a tal espuma à colherada, falam em diferentes quantidades (um cappuccino é sempre um cappuccino, não há aqui tretas de pequeno/médio/grande...) e até no uso de um termometro para o leite?!?! Acho que qualquer italiano orgulhoso se iria passar ao saber destas cenas. É a Americanização do Cappuccino, já não aceitam as coisas no formato original, têm que lhes por mariquices que estragam tudo.

Enfim. Eis o segredo:
metade café, metade creme (não espuma!!). As chávenas usadas são as que usamos em Portugal para o café com leite (meia de leite). O leite vem fresco do frigorífico e tem que ser gordo (meio gordo ou magro não tem gordura suficiente para fazer uma espuma cremosa). Usa-se o jacto de ar quente que todas as máquinas expresso têm, já que a ideia é introduzir pequenas bolhas de ar no leite dando-lhe uma consistência cremosa, tal como se faz quando se batem as claras para fazer bolos. A ponta do jacto deve estar ligeiramente imersa no leite, o mais acima possível. Aquece-se até o reciente (normalmente de alumínio) começar a queimar a mão, agita-se um bocadinho para dispersar as bolinhas por todo o leite e mistura-se imediatamente com o café (geralmente dois shots de expresso) já na chávena. Obtêm-se no fim uma bebida cremosa com sabor forte a café, em vez daquela cena nojenta estilo café com leite fraco com espuma que mais parece detergente para a loiça por cima.

Agora já me sinto mais aliviado ;)

Tuesday, December 06, 2005

Como fazia magia com um casaco de pele num Club da moda

Há por aqui um Club, no alto da colina posh que limita Barcelona a oeste, chamado Danzatoria. Muito trendy, cheio de estilo, gente gira.

Pois bem, eu, extasiado com o que via ao chegar, deixei logo o meu blusão de cabedal em cima de um banco e fui curtir. Grande erro!! Como é que pude ser tão estúpido?! Voltei passada meia hora e já lá não estava. Fui ao gajo do bar perguntar se tinha visto alguma coisa. Não. Contei a história, quis-me ajudar e foi perguntar ao porteiro, deixando o bar sem ninguém por mais de 2 minutos... muito estranho, pois é algo que nunca se faz deixar o bar sem ninguém. Sorte a dele que eu estava demasiado chateado para gamar umas garrafas. Voltou, mesmas notícias, mas disse-me para me deixar ficar até ao fim, quando toda a gente se tivesse ido embora seria mais fácil procurá-lo. Podia estar caído algures... ya, claro que sim...! Foi tudo muito estranho.

O que é certo é que não parei de chatear toda a gente dos vários bares, o guarda roupa, e nada. Frustrado, sem me conseguir divertir, fui arrochar a rogar-me pragas por ter sido tão mongo. Tornando a história curta, quando o sítio fechou deixei-me ficar para o fim, os seguranças quiseram-me mandar embora e eu disse-lhes que não bazava enquanto não procurasse em todo o lado pelo meu casaco. Outro segurança vem, mesma conversa. Puxa do auricular e micro e hama um outro gorila, este pergunta-me "qual é o teu problema?", eu explico. Ele volta com um casaco de cabedal na mão (o meu), "É este?", eu respondo que sim, dá-mo e eu vou-me embora com um sorriso enorme na cara. Nem sequer perguntou como é que o casaco era antes de mo mostrar (e dar). Moral da história, os gajos da segurança gamaram-me o casaco e queriam ver se eu me ia embora sem chatear muito (estavam sempre com a história de que Barcelona é um sítio com muita gente mitra), o gajo do bar sabia e deu-me a dica de ficar até ao fim. Como não queria arranjar problemas com o staff do bar não me quis dizer logo a verdade.

Eis como fazer magia.

Thursday, December 01, 2005

Esfumando-me por aí

De volta das cinzas! O bar está a fumar-me...

Após todo este tempo sem dizer nada, decidi que agora é a altura certa. E que altura! Acabei de chegar de um concerto de uma banda belga, dEUS, na sala Apolo. Espaço pequeno, multidão enorme, fez este ser um dos melhores eventos a que já fui. A banda foi espectacular, a música inacreditavelmente boa (ok, ajuda ser um fã da banda :), mas o ambiente... uau! Foram daqueles momentos em que a música bastou, falou por si mesma, em que as luzes simples apenas mostravam o perfil do Tom Barman, os strobes a ajudar o estado de espírito a ficar mais e mais louco. dEUS bombaram em Barcelona!

Bem, fora isso, nunca mais escrevi nada porque tenho estado um bocado fora da vida social normal... trabalho quando toda a gente está a curtir e faço a minha vida normal quando toda a gente está a trabalhar. Ao menos não me posso queixar do trabalhar, é excelente! Isso e ter montes de cenas para fazer nesta cidade fazem-me ficar uma beca afastado do PC.

Outra coisa... estou a ficar cada vez mais chateado com esta gente espanhola...! Hoje à noite conheci uma gaja catalã que ficou muito surpreendida (e aborrecida) quando lhe fiz saber que não vim para Barcelona para aprender espanhol. Quando lhe disse que apenas vim para me divertir, ela disse algo do género: "o quê, não vieste para Barcelona para aprender espanhol?!? Porquê?" Ufff... por isso é que toda a gente acha que os espanhóis são tããããããão humildes!